Textos de Alberto Moreira Ferreira
No fim de contas a beleza oculta,
Constatei-o ao ver-lhe os carris
Depois de lhe ter arrancado os cabelos
Com os olhos, por onde me tinha levado,
Por uma mão, uma volta, um fio de ouro,
E ter visto que não passava de um meio,
Mais um mero pau onde se apoia uma axila 
Enquanto é preciso, quando alguém se sente
Sem costas, que soergue à distancia sempre
À distância quando se quer; deixando os pés
Atrás, medrada, para logo diante o descarte
Se pavonear com a imagem, bem, parecida
A imagem não precisa de ser basta parecer
Na verdade, toda a beleza é ambígua, mas
Mais vale mentir, que, sem ela todo o ano 
Parece, a menos que pintes a manta, toda
A sombra que ficou do verão, todo o alimento 
Depois do branco voado, ruir

"Contas de Mar Pérola"