Textos de Alberto Moreira Ferreira

Tu dás as costas 

Não as voltas

Tu honras não foges

Tu cuidas 

Não abandonas, aguentas

E trazes a razão

Tu respeitas 

Não perpetuas a serpente

Tu não me deixas sozinho como os outros

Se numa palavra pudesse fazer um mundo bonito; Diria: Amor. Diz-me, quantas facas tenho cravadas nas costas sem nenhuma recompensa, sem me enganar, sem lhe acrescentares mais sangue por contas, seja como for, eu direi, eu não sou uma vítima, sou um vivente neste mundo enfermo que os homens fazem dia a dia noite após... noite. Diz-me, diz-me com verdade, pois nada choca um morto, e nada detém um espírito vivo, de liberdade.

Os livros arrumados na prateleira
desarrumadores de passos para kms
, seios de leitos, de folhas, álveos
, no topo de um móvel fixo, harto
, pernoitando o hábito aclarando
a dinâmica mexendo ainda e sempre
, para cima para baixo, e em círculos
, num devir, e hoje em dia
Quem quer livros

Revolução, Alberto Moreira Ferreira 

 

Esta acusada de frialdade emite  E
A volatilidade do mar empurrou-a
Para o papel de ar firme, é dínamo
Superfície de dias instáveis, escora
Redonda, equilíbrio, distância, luz
E desfaz-se ao rasgar as ondas das
Nuvens a cada indiferença, no vento
Da sua ausência, lembra brincos-de-
Princesa uma açucena dois jacintos as
Madrugadas dos jardins, e transborda
De restos, derrete com o calor o sabor
Da organoléptica, angiospérmica, asa
D'vinho
Erodível desgasta com a despedida d'
Chávenas de leste de águas amargas
Até morrer a arder aos vossos olhos
Mais longe do que possam imaginar
Desistindo da via aérea sem terreno
Antes de chegar o natal. Dela o esplendor
Enormidade propulsora, a rocha é esteio
Esta sob estes pés selvagem urbana fiel
E livre crê que merece a vida e aceita o
Fim
A rocha-mãe será um dia grão solto na terra
Limalha composta a adestrar ramalhares, po
-eira na grande ampulheta para medição do 
tempo
tempo
tempo

 


Assim que idearam a laranja, criaram o detentor da suma perfeição, o óbelo, o círculo tornou-se quadrado e o plasma nada pode fazer para desviar os comboios do caos de plástico bolha do céu individualista em fogo de artifício. Ainda perguntei aonde era a farmácia e no café alguém disse: olhe que está à bicha.

Chorar, degustei,
            Vi
Como o dia fugia
Esperar, esperei
Sonhei adormecido
Encostar nunca foi
Parte do sentido, se
Estou triste esquecido
Não, nem sei se é dia
Ou noite e não faz mal
Na hora todos os dias 
Caem pelos narizes
E este 31 coração
Vede perdido
Amei-te tanto e tu 
Deste-me tantos beijos 
Na boca que apaguei
Entre cardos e erotica
-mente me queimei
Com a língua molhada
No teu sombrio
O corpo é tal 
Como o tempo
Vai de vela. Depois
Corres anavalhado
Ou desdenhas
Do abandono
E, fazes um doce
De maçã e canela
Mãe., a ave-a-dias na sua própria casa lustra o coração, remansa o ar, procura o amor, dissipar o nevoeiro, limpar o pó e trazer luz ao lar, o alento da beleza rosa para que a noite os ombros não encolha e eu ouse privar-me de mais, e se é da liberdade que me alimento, é do amor o equilíbrio, e a ave-a-dias pinta mãe.

Mais um dia, mais um fogo preso na cidade, na solitária, num lugar do mundo, apeado numa estação da idade, e da circunstância abastadamente justa para não conseguires desatar o nó, mesmo com toda a imaginação bondade e vontade possíveis, e ninguém da multidão se aproxima, com sorte ouves responder ao cumprimento, ninguém te descobre esmorecendo, sequer tens alguém neste triste mundo para te procurar, neste triste mundo de estátuas numeradas de fabrico em série de mãos nos bolsos olhando para o chão de onde imerge a imagem de seriedade de um ladrão, como se já estivesses morto, antes mesmo dela chegar. Podes converter-te a um deus esquecido da humanidade, e não me digas; não me venhas dizer que a esperança está no próximo copo.

Os fortes ventos as chuvas tropicais trovões e o granizo oriundos dos céus dos pardais em conflito bélico que vos maltratam flores são originadas pelo medo que os machos da família passeridae teem de vós e vós não precisais de vos vingar do sol que vos confere e enaltece a beleza, sequer de ir ao ar, à lua, a terra é um ótimo lugar para
vi-ver e fazer
Amor, desvincula-me da embriaguez, do super-, da morte precoce.
Metias-me a amêndoa na boca,
Essa força vascular matinal tal,
A polinização das abelhas,
Claramente que merecia,
Resvalava-me de mim, e,
Tu discreta calada num olhar esquecido
... 
E quando anoitecia con-
-tavas-me uma história,
Não merecia, via-me a adormecer,
Contíguo à presença espartilhada,
E no fim sem contas embarcamos
Nos ninhos das mentiras que nos 
apagam. Por ora um agueiro não me deixa Regressar
Aterra
Sejas para sempre o fogo que me cresce ramos
E folhas de palmeira agora mais dentro
Trouxeste o amanhecer outrora ausente dos meus olhos
Ainda ouço o silêncio dos medos, da minha sombria inquietação
Tu rasgas-me os lobos com unicórnios
Esses lobos, pregos da escuridade, piranhas onde se fazem rios atmosféricos d'água noturna e estátuas de vinagre
Estou hoje mais longe mais perto de ti
Para multiplicar as cerejas da lua, acariciar a espinha do teu corpo
Sim, sejas. Vejo-me já tão perto
A  chegar na incandescência
Do rumo, do arco, do amor ainda coberto

Está um dia bonito. As gaivotas no escritório, os pássaros arrumados em gaiolas, e o bêbado sozinho na sua casa limpa e arrumada pensando que falhou onde todos acertaram. Esta terra parece que morreu e vive morta sem saber. Se soubesse onde fica o carnaval ia ao carnaval enlouquecer, mas de fato, a arder, sou tão esquecido quanto esta terra, vivo morto sem saber.

 A poesia é um evento intra-venoso.

Está tudo errado, a sabedoria não é sábia porque é tendenciosa, e a verdadeira, a que se despe, a que se despoja, nunca foi praticada à escala plural. Não há amor nos corações das nossas sociedades, há desejo cobiça fome, inveja, sobretudo ganância, há egos inflacionados, vaidade saloia. Não há qualquer moral nos números de braços armados duma economia selvagem como não há humanismo numa sociedade economica, num mundo oportunístico. Eu amo-te muito meu amor e perdoa-me ser defeituoso.

Ela é um botão
E casa, tão vertical
Fecha e abre
É o voo, o seu
Perfume lâmpada
Tão argila, o seu 
Corpo paisagem
Tão pura bela querida
Apetecida, verde roupa
Rosa, o seu sorriso
Dá para aquecer
O coração, o meu
Perdido como se
A luz do sol
Saísse do ninho
Num beijo cheio de fome
De amor, do verdadeiro
Amor

 


As-sal-tas, roubas o coração da rosa trazes a beleza para casa e entras novamente na humanidade. Como amas a beleza uma certa ingenuidade volta a candidez volta voltas a lutar no limiar do rebento que, somente o flutuar daquela que os teus olhos vêm como a flor mais estonteantemente bela... Jamais haverá morte que te curve, enfermidade que te pegue. A beleza deriva do coração, foi criada pela imaginação para não morrermos gagos de medo ou grossos de tristeza. Pudesse eu desformatar alguém não o faria com sentido à minha pessoa, mas à liberdade de ser-estar porque um... Uma leoa dentro do armário é um atentado á vida.

Mais uma semana de trabalho para uns e trabalhos para outros. Para mim por força da circunstância quase habituado à malandrice será mais uma semana na fábrica da luta contra a solidão. Vou ter momentos de brilho, de sombras, e em todos gostaria de me segurar, é o que costumo fazer, só não me seguro no ar puro do amor, aí sou todo coração aberto, tão rebelde que me esqueço de mim. Mas a vida também é liberdade, loucura, e ternura do coração.

Sempre o mesmo sol
Sempre as mesmas janelas
Sempre o mesmo pó
Sempre as mesmas velas

Leva-me para a terra ou
Deitem-me ao mar longe
Do absurdo que é a espera
No claustro, no limite 
Do porto sem barcos

Sempre os mesmos
Marcos
Espera, abranda, traz-me
Ventos, um lugar, a cara
A asa e muitos anos, traz-
me O vinho para amar
Moveste a tua mão transcendental
Até - ao nível onde se encontrava
A minha, leve, no teu corpo arder
No calor abrasivo de Yellowstone

Soltei-te o cabelo ao sussurrar-te
O código amantivo da belíssima
Flor que és, tu mulher descobriste
Torrevieja e avançaste decidida

Logo depois o palato deu-me a conhecer
O complexo sabor dessa fogueira molha
-da, que desfolhei, francamente, a bel-
Prazer pelo prazer das naturezas completas

Depois de sentir o paraíso e verter em ti
O néctar do sol, pensei: gostava de te ter
Tocado
A alma
Ter-te ao lado, sentir
O bem-estar, 
A claridade da manhã,
Serena, alegria do sol,
Ainda que, à noite a pedra silencie a via láctea,
E, da inquietude do pássaro nasçam distâncias,
É o refrigério, bom, como transpor a fronteira,
No retorno,
Ainda que os corpos fiquem de lado,
E, eu, vá descendo como quem sobe
A lua longe desses incêndios
Onde do plasma queimado crepita a noite escura,
A chama desvanece,
E não há mais nada para abrir
Alguém perguntou; 
Quando os olhos se afastaram das cores
E a humidade do solo deu lugar à secura
E o clarinete da manhã à pedra da noite
E o sorriso de filigrana às horas do estômago
E a leveza da águia de bonelli ao todo de chumbo
E a doçura do mel às vagas secadoras de artérias 
No caso, de um, outrora rio, ilustrado, sério, dos mais extensos, hoje vala sem margens
Não, ninguém. Não vimos indicadores no ar, mas os mesmos horizontais estavam lá. E ninguém ficou
Jamais saberemos o que aconteceria se as nuvens exclusivistas não se amurassem e tivessem chovido 
Humanidade 
Na terra suada
Queria possuir
De palha e galhos

Queria-me dentro
Do vulcão pleno
De desejo e fogo

Que mais podia fazer
Senão gatinhar, levantar
-me
Sair da areia da água

Trespassar o azul li
-bertar-me do beijo
Acordei a pensar que me tinha suicidado por não ser cego e logo depois percebi que estava ainda vivo e também sofria de cegueira.
Esta tarde fui à praça da Botânica socializar e não havia pessoas, eram psiquiatras economistas jornalistas artistas engenheiros professores construtores civis entre outros de renome e indiferenciados, olhei para as janelas das casas dos prédios e nada, não se via ponta de um corno, estava tudo escondido, lembrei-me da guerra em Gaza e pensei: foram todos para a guerra! É verdade... E eu não sofro de nada que não me possa perdoar.

"Numa Terra dos Diabos"
Meu amor, Amor bem-dito,
Que, te foste no calor
Da casa fria - E quem diria

Ah dói-me o amor passado,
Que nunca tive, e o futuro,
E não me digas que o dia
Que não vivi foi abandono,
E a graça que recebi. E eu 
Quero - muito muito muito 

Magia - Se um dia voltares amor,
Meu amor, todo o tempo perdido 
Não será mais que o sabor de um 
Beijo, Meu Amor - um momento -
À e da - 
Força que temos por dentro

"O Amor-Perfeito-da-Mongólia"
Nada muda, e, nestas noites de Agosto
Com todos os morcegos empertigados
A por-ca-ri-a… e sejamos claros - Foi
O que lhes ensinaram. Por conveniência
E qual o proveito da pradaria marinha
Com toda a sujidade… diria: encaracolamento
Engarrafamento, penitência, mesa anã
De mármore calcítico

"Mutilação"

A chuva sai pelo telhado, mas pelo fato de não ter interesse e ninguém… não tem importância. Será da idade, do nome da rua, talvez, de todos os feriados da vida. Ficarão então os néons, o porto aberto, um pedaço de inocência, as notas perdidas no quarto, os delimites, de nada, dispenso a escada, a rosa morta no armário, e a carta por abrir.

"Da Terra e dos Últimos"

Ao olhar pelas janelas não vejo lugar nenhum que me sirva. Há os fortes, usuários do poder para não se desfazerem, os fracos, malabares subservientes para não morrerem, e os outros, os que não vão a jogo, sendo os últimos os únicos de boa fé. Acaso precisasse de um lugar para me enrolar seria um dos últimos que me servia decentemente.

"Aquila Adalberti"

Naturalmente esqueceram-se de mim na terra. Eu sou o pior de todos, o mais temível criminoso, o mais apurado sanguinário, cruel assassino, o mais injusto e indelicado, o maior ladrão, enganador dos deserdados, uma besta que tudo despreza, não tenho compaixão, não sinto empatia, sou o monstro mais horrível dos nossos dias, a verdade seja dita, o mais violento, campeão dos malandros, e é, portanto, compreensível a falta da humanidade, as falhas de memória, e é legitimo desembarcar já esta noite no último crime.  Ó meu amor, tudo isto é verdade, e a tranquilidade, aportou na minha doce cama cansada de me ver cansado, por tudo arrumado, com vontade de dormir. Sou um bom convencido! Se assim fosse, meu amor, lembrar-se-iam de mim.

"Passadeira Indiana"

Entrou-me uma andorinha
Pela casa adentro, trazia
O vinho no bico, o coração
Inundado

Certa vez arranjei tudo para
Partir, havia perdido 
A luz e na escuridão amargava 
Tal como os que na claridade 
Perdem os ombros

É verdade que desejava e
Dormia, e sonhei, sonhei
Voar muito alto e compreendi
Que desconhecia não inventei 
E, uma 
Rosa era toda a aurora que mais
Queria

E eis que uma amável alma
Rosa, surgiu e, segurou-me
Como um palerma que queria 
E ainda quer - E, não pode 
Não se dá água à dor e espera-se 
Servir o vinho ao amor

"Zénite"
Os céus são roxos
Os vestidos presos
A vida a liberdade
Meras ilusões

Eu posso perdoar-me
Não esqueci o caminho
E mesmo que possa 
Acordar corado não
Há trombas no espelho

Com efeito lembro-me da
Sensualidade do teu corpo
Que saboreio em silencio

"Nas Margens do Mar Branco"
que queres meu amor
tenho tanto que fazer

podes lavar-me a loiça,
desfazer a cama,
arrumar o livro

eu, vou já querida - sabes, é que,
precisava tanto do dia inteiro, e, 
nem sequer sei
ainda
por onde começar

"Café"
A luz da tua casa viva
Morta pela alma aproada
Aos ossos, das guerras,
Como o, fogo ditando
O cansaço por tudo o 
Que se vê das estrelas

Tu queres respirar e não
Fazes ideia como calar 
A ausência - silêncios,
A partida das andorinhas,
Cada vez mais perto, longe, 
Como os que se desligam 
E ligam a perder. Estou…

Quão belo é o mundo, 
Esteja lá ele onde estiver,
Os tons azuis das cinzas, 
E o abandono oculto 
Pela chama que pus, 
Alba a brotar no céu, e te dou

"O Último Imaterial"
quando debaixo da chuva com todas as incertezas uns pezinhos de rins e alguma ciência metes as mãos na lama e chegas a casa negra, confesso que tremo, que me assusto, mas, digo-te também com toda a honestidade que tenho uma enorme admiração pela tua imensa coragem e paciência. gosto muito de ti.

"reum habemus confitentem"
No fim de contas a beleza oculta,
Constatei-o ao ver-lhe os carris
Depois de lhe ter arrancado os cabelos
Com os olhos, por onde me tinha levado,
Por uma mão, uma volta, um fio de ouro,
E ter visto que não passava de um meio,
Mais um mero pau onde se apoia uma axila 
Enquanto é preciso, quando alguém se sente
Sem costas, que soergue à distancia sempre
À distância quando se quer; deixando os pés
Atrás, medrada, para logo diante o descarte
Se pavonear com a imagem, bem, parecida
A imagem não precisa de ser basta parecer
Na verdade, toda a beleza é ambígua, mas
Mais vale mentir, que, sem ela todo o ano 
Parece, a menos que pintes a manta, toda
A sombra que ficou do verão, todo o alimento 
Depois do branco voado, ruir

"Contas de Mar Pérola"
De dia vejo rostos de pássaros
com chifres de sapato e olhos pretos
à noite todos os rostos se assemelham
a distâncias de rios de prata e peixes
pingados em sofrimento

De dia queima-me o estio e à noite
nem os meus lábios nos teus, nem
o corpo atado devolve a esmeralda
e suspiro, suspiro e confundo-me

Depois descubro que a gaipa não é minha
e que desramaste o mar porque eu
                    
"Chapa de Ferro Estanhado"

Se depois do verão o mundo em vez de um pénis sinister, -tra, -trum, fosse uma bagem vertical talvez a terra girasse, virasse no sentido dextrogiro, o presente se abrisse o futuro se levantasse e os mortos ganhassem juízo.

"La Línea"

Chovem silêncios - sobre ti,
Embora ouças vozes na rua,
De engenhosos mais felizes…
Ou talvez de garimpeiros procurando
Serem mais felizes do que tu
Feliz sem motivação laçado no estrangeiro,
Tanta vez cortado por mãos à distância,
Dos mais azuis dos comboios, de uma
Moral saída pelos cantos da boca sem 
Quaisquer sinais de margaridas, de verdade,
Que só não o conseguiste despir como 
Depois da pancada se adensou,
E agora, com uma enormidade
De ramos floridos abaixo do chão
Acendes cigarros que te aborrecem,
E o amor, que seria o medicamento,
Alma, carne, ossos, jamais as boas 
Horas de relógios de dois gumes,
Não te traz grande esperança, tal
As mãos mutiladas que se escapam,
Que te escapam, por tanto - bebes,
Bebes os silêncios, e a noite clara
Não é mais que mais um dia
Escuro achacar que te enleia,
E, cada vez mais achacadiço… 
[Que bom] chegas a pensar, 
Mas um dia será definitivamente noite e só
Te tens a ti para te veres, desobedecer, sair
Das águas-furtadas pelo ar dessa lâmpada 
E honrar a derradeira estrela, essa mesma, 
De uma excecionalidade peregrinante,
Que vive contigo, aqui ou lá, bonita a
Reflorescer no céu, das neves

"O Espinheiro A"
O rodapé do escritório apenas
Responde, e permanece
Ausente colado à parede
E a cadeira giratória cor sólida elástico
Capa preta cansou-se 
De andar à roda

Deveria sim
Censurar o FAR EAST pelo egoísmo
Sentisse ainda desejo tivesse vontade
De dar receber:. o sumo

De viver num outro lado
Que não sozinho numa morte livre
Rodeado de imóveis 
E perigoso lixo espacial 
Sem qualquer interesse
Noutro fado

Creio ainda ter meio pão
Ou teria já morrido
Pela pretensão de tanto chão:.
De reis peões damas bispos torres
E cavalos… 
Mas é um absurdo

As casas fechadas à chave, a economia 
Do plano curricular, o estado… 
Olha a folha excel… ah…
Como me sinto cansado

"A Rosa Lilás"
À medida que se vai somando estrada,
Aproximando do fim do verão, o barco
Vai-se afastando das estrelas do céu,
E nenhum chamamento parece justo,
Visto que, todas têm as suas árvores,
Os seus caminhos a percorrer, e seja
Por que motivo for tirar o laço, o nó,
É para uns um decurso deveras bastante custoso,
Nalguns casos fica o dissabor, noutros a saudade,
E depois de tanto andado experienciado tentado,
Há que fintar o encolher dos ombros, há
Que., - vale a pena tentar compreender - 
Não é justo deixar uma que seja aferrada,
E alguma sempre se há de lembrar.,  se bem que,
Hoje, todas as estrelas do céu parecem ocupadas,
Ao fim e ao cabo, em sonhos haverá sempre uma,
E uma que se seja que lembre de nós, no caso, 
de mim… 
Por isso concentração e, 
Nada de pensar riscado

"A Rosa Verde"
Tal a pedra dá à costa milhões de areias onde te deitas e adormeces, embriagado pelos grãos soltos maiores que os do lodo, numa catatonia, miserável. O ar é impuro, do só cego; perdão, do mineral; perdão, do sossego a confusão, e o que muda da noite para o dia de dia para dia é a vontade de ver, desistes da bebida, da conversa, do amor desamor de rir chorar, porque, de fato, o solitário do dedo sem mão edifica um extenso manto de areia azul do céu sob o qual é impossível pensar viver, sequer gritar, desobedecer, por ordem, talvez não inocente subindo o mais alto, o legado, a bandeira, a mega necrópole, a herança, uma tranca, gravemente, branca. Mata como a pedra por isso… e que interessa isso.

"Solitário de Pandora"
Palavras são gordura
Visceral, veneno de
Cascavel para manipulação

Palavras são bisturis, espátulas,
Alargadores e pinças
Para recolha e identificação

E são um tipo de onda eletromagnética
Visível, o calor de um amor, a anestesia
De uma operação, a beleza impedindo
Que a imundície te emudeça

E a palavra é um foguetão,
Além de todo o sofrimento,
Ferimento, toda a felicidade 
Palavras são ossos de suporte

A palavra é um pilar,
A falta dela gelatina,
Obscuridade, ruína

"A Estrela"
Pensas no sol a fugir
Do maldoso mundo
Como quem sabe que
Os dias brancos do recomeço
Têm o efeito da endorfina
De uma ampola de limão

Sabes que a graça do sol
É capaz de entreter
E prolongar as cores
E que na verdade há um dia em
Que o sonho se torna realidade
E outro em que tudo é mera ilusão

Eu vejo-te a partir
Sei quando foges, no entanto
Não vês caminhos no ar e eu
Não sei para, nem
Por onde pensas fugir

"Debaixo da Ponte"
Do divino eu, destacaria o terreno,
Do sagrado a palavra, a luz e vida.:
Chegaria do ovário súpero da rosa,
De caráter simbiótico, das suas pétalas,
Do vermelho ao azul e violeta,
Amarelo, pintada numa total ausência
Do cruel silencio do nariz no chão,
Toda a flor e todo o jardim prosariam
Livres, ao contrário dos que nos deixam
Aliviados finalmente, no fundo, 
Do mar segurando um par de olhos
Eu destacaria o velho
O novo abandonado
Debaixo do vão da escada

"Janela Global" 
Se não mais me vires faz uma festa
Eu tentei entrar, eu tentei abrir
Dei a mão à chave ao espelho fechada

Trancada - Há tanta surdez e abertura
Nas margens do rio Hippocrates
E nas águas vinho decente algum

E eu jamais quis estar na cova à
Guarda do meu sangue a correr
Aos círculos para lugar nenhum

"A Mão Na Cave"
Acabaram-se as minhas ansias tal,
Como todas, as minhas angústias.,
Vide bom:. caiu o último ibérico
Ao lado do último lobo do mar

Nos céus floresceram papoilas,
Todas as pedras são já de estufa,
As madrugadas e resíduos..
Das águas frias de viveiro

Salvou-se as casas onde comem,
E dormem taparueres de plástico,
Mudaram-se estátuas e o que,
Poderá contar as espingardas

E flores de roda no cemitério, santos,
Desde glorias a chapéus de onde se
Bebe coelhos de um vermelho esvaído,
E a morte permanece inalterável
Os poetas foram para a guerra e eu,
Vejo-me sozinho todo em pele de galinha com
A gala, doida, a picar-me o rés do pensamento

E a jejuadora, e o copo embalsamado,
Pendurados na rede da capoeira pensarão
Em mim, em ti!

Não sei, não se ouve viva voz e está
Uma bonita luz branca brilhando
Sobre nós
Algo me disse que…
Sim amor, quando
Meus olhos ficaram nos teus, quando
Os meus olhos demoraram nos teus
E no dia minha alma nasceu dos teus
 - coração -
E quando te foste embora minha alma
Dos teus morreu
E não há nada que possa fazer para
Trazer os meus de volta morto sem
.: Notas!
A pensar: haverá realmente…
Sim amor há
 - coração -
A chorar a chorar, a chorar


Hoje tenho a preocupação de ser eu e o próximo
Poderá entardecer com a prata dos meus fantasmas
Acabar como a noite algemada à lamina na garganta
Ou poderei abrir o orgânico modestamente e aceitar
A perda abraçando o próximo, que a vida,.. a nova
Aventura querida com tudo o que sobra e resta:.
E é curioso que eu hoje tenha uma preocupação
Comigo, o próximo, o que será
Será creio
Amor. E estou esperançoso, que a sombra não o há de comer
Não tinhas de falar e falaste
Não tinhas de dar e deste
E outro dia _ outra vida seria
Se assim fossemos pela ponte

Saída das águas furtadas
Satisfeita com o vinho - E hoje
Desbotada do ar e fogo

Casa com os teus azuis flor
Mais quente, a mais fina fria
Manhã de fiar para sempre
No parque guardada

Será da idade, talvez, e do amor à vida, por estranhíssimo que se sinta no mundo, num mundo, que já mal conhece, do qual outrora foi parte e hoje à parte, num momento invisível indizível apesar das medidas aumentadas, algo que nos devia incomodar, por oposto à dimensão da ingenuidade pura espinhosa da beleza, que aos seus olhos caiu, motivo pelo qual me permito continuar a observar por onde andamos a deambular, por todos os mundos concebidos, que te desejam no chão quando precisas levantar. Este é o tempo da Anita, Anita na Cama, Anita no Campo, Anita de Férias Anita na Praia Anita Pendurada, no ar no chão. Pois, caro pois, não sei se será da idade, e do amor à vida, jamais poria a hipótese de me suicidar.

Está um dia bonito, as pontes visíveis, de um lado o Porto fazendo uma vénia a Gaia do outro lado escondida atrás das copas das árvores, o céu parcialmente nublado deixando o sol iluminar, saliento, o Douro, que me parece um tecido estampado, colorido, brilhante, ao contrário de ti meu caro, ainda atormentado pela conversa da criatura, pelo respeito que muitos perderam ou nunca tiveram, tentando viajar dentro do quarto para uma deliciosa aventura de sentimentos íntimos, sonhando, pensando que toda a vasta natureza um dia valha a pena, como se o amor existisse e o pão não fosse um dia por nós inventado, e, por momentos, levantando os pés da cadeira giratória onde te encontras sentado. Não sei se os peixes vivem na água se é a humanidade que se esconde, e não sei se vale a pena gritar se o mundo está ocupado, podes mostrar pedir regatear, mas tu não queres vender, nada tens a esconder e a ganhar.: está um dia bonito e cada um; cada qual morre como pode.
Tentas declinar o absurdo como se o mar subisse e só subisses.:
O desprezo dos mortos mobilizados por conveniência sem dó,
Conteúdo ou piedade, como dias desde a manhã de pureza à tarde,
Aferrolhada, o silencio azulado perturbante que bate.;
Desde há tanto, que perdes o tempo aferindo o desespero,
Não sabes se capaz ou incapaz de afastar a desfiguração,
Como se pudesses esperar ou deixar de esperar outro momento,
Que não esse sem tinta na esferográfica a ganhar teias perdendo
A raiz, o sentido, a alma, como se  possível
Fosse ainda
Ouvir falar de amor.
Pensava eu numa boa morte quando…
Vinhas depois das horas tomar o café
Eu, guardara-te aquele licor, docinho
Depois… deitavas a ternura nas minhas pernas
Suavemente acariciava-te o cabelo desenhando
Com os olhos um coração no céu naturalmente
Alegre bondoso elegante onde ficamos até tarde
Namorando, o licor… bom…
- O senhor é capaz de se por direito para eu me sentar
Perdão… desculpe,  é que me distraí… por momentos
Pensei estar acompanhado
        Logo à noite
Não há comboios para o ninho
Nem um pio, sequer uma flor
À noite, nenhum peão se atreve
A menos que possas enriquecer
E quiçá depois do verão possas
Mesmo esvaecer
        Logo à noite
Nenhuma razão te salvará
Antes de morrer. E depois
       Logo há noite
Pudesse eu respirar o teu perfume
Tocar na divindade, tão admirável
A mais sensual e respeitosa do céu
Tão brilhante que cego sedento

Fosse justo ser o abençoado do coração
Dessa estonteante beleza pura imaculada
Que me ensurdece a razão fazendo-me
Querer mais que o meu contento

Pudesse a terra girar ao contrário
Curar um fósforo queimado lamento
Dar-lhe outro destino, por ventura
Um milagre, que não a tesoura e um
Lírio-do-vento

E, no entanto, é do sonho que me alimento
E me embriago, como o véu de uma leiteira
Que pare a pena aliviar a pena que este cavalo
Estampado ainda tem pulso e tu de fato
Não és um mito, és a mais bela lua rosa
            Fulgente flor do céu

"A Lua da Páscoa"
A mão que foi para longe
Chegou perto para fugir
De perto correu para longe
Sem pés para emergir

Tal como quem não tem quem 
O consuma e tem tudo para viver 
Como quem quer ser e está já
Pronto para morrer

Este é dos mundos que não têm mundos declarados culpados. E da inocência resta-lhe os contornos da imaginação onde se deixa dormir sem paradeiro ou lugar entre a multidão, por muito que queira conhecer o amor, essa fantasia que pintam como se fosse a luz da manhã para amanhã. Este é dos que não têm manhãs e ante a escureza da tarde à noite pinta a luz da vida para outro dia, mas também gosta de se levantar cedo e não ir a lado nenhum.

Granito, livros de mármore
Esquecimentos e velas para
Mais de dois mil anos, ramos
De flores  -  Agora é tarde
Decerto que, o fim para ti
Para mim não tem defeito
E pode dizer-se sem palavras:.
Que este hotel é frio, e que eu

Não estou aqui meu amor
Modéstia à parte, considero justo a morte quimérica que o descomprometido não oculta, assenta como uma luva na figura de um adorado rapaz tão mudado pelo cunho do machado, isolado dos lábios pálidos penitentes à defesa sob a madeira em surdina do armário festejando a vitória. Ó vitória… e assim vai a nossa vida, a nossa enfermidade.
O problema não é o tamanho das nossas frustrações, mas a qualidade das nossas demências.
Ontem à hora do desgosto dissemos nada
Estávamos nas vidas ocupadas separadas
De qualquer mão sem o banco mercantil
E hoje nada deveríamos dizer de acordo
Com a morte já que aquela mão morreu
Desconfortavelmente, a chamar, a pedir
                  S O C O R R O

"Águas de Dois Sois Inculpados"
A minha tentação é um melar
Mas se fujo pela imaginação
Dou pousada ao coração
Acordo com o nariz esmurrado

Se olho para a realidade
A esperança desfaz-se pelo sonho queimado
Perco o coração
Acordo com o nariz esmurrado

Tudo me apronta e tudo me foge
E nem tinha a ideia do quão
Difícil é despir não vestir e levar-me
Neste mundo inverdadeiro sem amor
A qualquer lado

Mas o amor que é magro leve
E mais novo merece muito
Mais que este imóvel que sou a pensar:
Melga-me
Se bem me queres a teu lado
Indigente: A luz arma e em boa verdade
Diga-se que o ladrão pratica a caridade,
O assassino a ressurreição, e as nuvens
Praticam o amor nenhum sexo e não é
Verdade que os mortos sejam indiferentes.
Amanhã vai estar um dia bom, tranquilo, um dia extraordinário. Substituirás as ameaças de morte que fizeram a esse mortal, por juras de amor, e até o intimidante ficará surpreendido com a oportunidade por ti criada para o sol abrilhantar todas as flores. Substituirás os desejos dos ladrões oportunistas por sentimentos bons, doces verdadeiros doces, a guerra dará lugar à paz de todas as almas e o veneno da chuva dos fugitivos transformar-se-á num vinho generoso que acabará com toda a podridão incurável da terra, com os falaciosos pela febre da ganância, e logicamente, serás o novo braço do céu eleito como o mais abençoado candidato à beleza, à mais bela, à excecional rosa que tenho e não possuo na minha vida, agora com nova direção, e que não consigo não devo nem quero arrancar do coração.
Caríssima espécie de gato aí no espelho, esférico, 
para que precisas tu de ser amado! Espelho., não
sabes do que falo! O que sabes tu do amor! Nada
sabes do amor! Fugiu ou foste tu que o mataste! 
Saberás certamente do amor que nos corrompe,
do secreto desejo da esfera, da obstinação, que, 
tudo seca! Saberás da vida entre a morte e o desejo!
Garantirias a inocência do amor, poderias tu dar ao
amor a liberdade ou aprisioná-lo-ias pela vaidade,
pelo poder, por toda essa força advinda do ser amado,
corrompido pelo egoísmo, próprio do espelho cara sombra
de pedra feita por esta terra de deus insensível armado dos 
pés aos dentes! Então, caro espelho! Não pensarás que o 
amor é um espelho! Pois não! Também não será a tristeza 
desse esquecimento a que o amor é submetido, sobretudo 
por todos os que amam a mania, sob as vicissitudes do que
um homem é feito - um homem sempre foi feito - enfim,
desde a nascença, pela avidez, quase sempre de fugida -
pelo poder orgulho vaidade, por tanto nascido com defeito,
como ramos mortos secadores de árvores, como o momento
desta acesa conversa monolingual, francamente, tristonha. 
Não compreendes caro espelho, tu nada sabes sobre magia,
não obstante a desmedida tristeza, será porque somos amados
e nos encontramos sozinhos em conversação num dos cantos
desta terra de amor e amores e de um autismo
colonizador, governamental,
feita pelo homem à sua imagem não contemplando o amor 
,mas, 
o cão silencioso, o armador, a arma na gaveta, pelo medo da
alegria viva morta pela mão que não pensou equacionou… 
e tudo isto tem tanto de furto, abafo, escamoteio, empalmação. 
Oh, caro espelho, para que precisa um espelho de um espelho 
e a terra de um novo lar! Está bem, o amor é também e tão bem 
resistência, e mais, muito mais que o narciso
aí no espelho, amar é um sentimento considerável meu caro,
e,
a vida… o coração pode ser um bom lugar

"Esterco"
                                                 Viver
No meio de um ou mais vazios é
Como estares bêbado sem beber
Até, que, ensurdecido, perdes-te
Exagero!

No meio de tudo, há a saudade, mas 
Mesmo que quem ou o lugar motivo
Dessa saudade voltasse ao fim de
Quanto tempo…! Não colmataria
A falta sequer suavizaria o sofrimento
Trazidos pelo vazio, pela total solidão
Numa esfera de corpos, de vazios
Meras embalagens profissionais
Os quais após a passagem do tempo
Jamais reconhecerias

Então canalizas o conhecimento
Para aceitares a sorte sem contudo
Te renderes a essa mesma sorte
Perderes-te numa ira crescente 
E acabares, mal, da pior forma, en-
-louquecido, às tuas mãos

O tempo tudo muda, e aceitar
A roda viva é um outro caminho onde
A luta é respeitar a natureza
Compreender o vazio e que pode ser
Uma multidão, e diga-se que o vazio
Jamais te compreenderá, e depois
Vais para outro sítio, antes

Libertas a rainha do jardim
Podes inventar, ser criativo
E escreves mais um, um outro 
Poema - O próximo poema

"Mais Um, Um Outro"
Ela é a preciosa, tão rosa safira tão,
blue belle tão, laranja, sunrise ruby,
amarelo vivo, toda ela branca pura 
sardenta tal a vida, nobre generosa,
é natureza, exceção, imperial, mais
formosa que as estrelas, suspensas no espaço,
tem cura nas pétalas livros nos espinhos, toda
nascente termal em constante erupção, e toda
a noite cai aos pés da palavra, matriarca,
por isso ventos a querem levar, por isso,
no limite anoiteça, aguardem os ferros, que,
dela virá a claridade, a polinização a revogar
o cinzentismo das cúpulas. Toda ela é gema,
menina valiosa, literatura dimensão humanidade
elevada liberdade… independente… Ah! Parou a 
chuva e eu continuo
Feliz

"A Força Gravitacional Eletromagnética Nuclear"



Com relação ao grande azul -
Não há aparentemente vida no caixão
Com tudo limpo e arrumado
O morto apático, semiabandonado, a esta hora
Já sem qualquer visita, sem qualquer interesse
,Razão ou, um motivo válido para se enterrar -
Falta qualquer coisa desnecessária, e vontade 
Nos quartos pro idadismo ocupados para beber
Com este, o último, no fim de contas, a contas
Com a noite, com os olhos muito ligados à lua
,Hoje cheia e brilhante lá no alto também ela 
Condenada, onde nem este, o último amarelo
No mundo habitado por milhões sozinho na;
Tomado pelo sono, por uma enorme vontade
De dormir, de partir, pode chegar. E é verdade
Que me cheira a
… mas tudo… tudo resignado

"Cogumelo Shiitake"

As estátuas amam o imóvel, o reportório é sempre o mesmo, os sagrados amam as nossas fraquezas fragilidades e todos os seus domínios. Eu amo uma mulher de carne osso alma e coração, e, não ter medo de amar é demasiado arriscado, mas não amar seria de uma inutilidade, profundamente estéril, tal como amar sem retribuição, por pequena que seja, ou o amador acabaria vítima da frustração, mas mais grave é quando não podemos ou não devemos amar e amamos à distancia. Também amo a linha reta a liberdade e a natureza, e estas, devolvem-me sempre um círculo do chão.

         Ainda na memória
         O petiz
         Que podia ter sido
         O adúltero em vez
         De um dia urbano
         Que fiz
Tocando no violino des-
-construindo ao piano e
A saudade é pelo futuro
Pelo que se escreve e não
         Se diz

"Violino Violeta"
O lobo curva-se ante Cibele, a te.la, deusa de mel
O lobo não obedece ao ferro, dobrador de grilos
E ante o fígado de metal incandescente da glória
Vira as costas como a águia em vistas de falcão
Recusa a vitória doando o triunfo ao mar
Só ele enverga países de braços abertos
Ele medita no ventre das mães, e segue
O caminho dos homens até ao último porto
Raramente precisa de resposta e pergunta
Quando a procura é pela harmonia da porta
Pelo incenso vermelho do mar. Só o lobo é capaz
De libertar o escravo e vencer a fome das estrelas
Para o lobo a vitória, a única; é o sorriso ao chegar
Antes, porém, enfrenta os mármores dos carimbos
As noites sonâmbulas dos riscos, sempre de azuis
Os degraus ilusórios dos muitos labirintos de bordo
Os pântanos dos bois secos, dos relógios gigantes
O ponto de interrogação no céu de todas as silhuetas negras
Todos os duelos debaixo da ponte de giz e algodão até o mar
Vencidas as noites de musgo ele encontrará a última morada
Que o acompanhará ao último porto onde poderás ler:
Este atravessou os riffs das autoestradas cinzentas
Terá compreendido a espuma das ondas, a nívea do granito e do sal
Ela gravará o seu nome com o sangue honrado das grandes viagens
Pelo caminho o lobo dá-lhe todo o fio de ouro curvado
Por mais um dia de açúcares, pela; o vinho da única magna que o ata
Quando um lobo parte só o murmúrio da lua vestida de branco
Diz em silencio ao mar
Ele, foi o
A minha primeira ponte, e último
Presente desta
Rosa
Martina