Textos de Alberto Moreira Ferreira
Está um dia bonito, as pontes visíveis, de um lado o Porto fazendo uma vénia a Gaia do outro lado escondida atrás das copas das árvores, o céu parcialmente nublado deixando o sol iluminar, saliento, o Douro, que me parece um tecido estampado, colorido, brilhante, ao contrário de ti meu caro, ainda atormentado pela conversa da criatura, pelo respeito que muitos perderam ou nunca tiveram, tentando viajar dentro do quarto para uma deliciosa aventura de sentimentos íntimos, sonhando, pensando que toda a vasta natureza um dia valha a pena, como se o amor existisse e o pão não fosse um dia por nós inventado, e, por momentos, levantando os pés da cadeira giratória onde te encontras sentado. Não sei se os peixes vivem na água se é a humanidade que se esconde, e não sei se vale a pena gritar se o mundo está ocupado, podes mostrar pedir regatear, mas tu não queres vender, nada tens a esconder e a ganhar.: está um dia bonito e cada um; cada qual morre como pode.