Textos de Alberto Moreira Ferreira
Pudesse eu respirar o teu perfume
Tocar na divindade, tão admirável
A mais sensual e respeitosa do céu
Tão brilhante que cego sedento

Fosse justo ser o abençoado do coração
Dessa estonteante beleza pura imaculada
Que me ensurdece a razão fazendo-me
Querer mais que o meu contento

Pudesse a terra girar ao contrário
Curar um fósforo queimado lamento
Dar-lhe outro destino, por ventura
Um milagre, que não a tesoura e um
Lírio-do-vento

E, no entanto, é do sonho que me alimento
E me embriago, como o véu de uma leiteira
Que pare a pena aliviar a pena que este cavalo
Estampado ainda tem pulso e tu de fato
Não és um mito, és a mais bela lua rosa
            Fulgente flor do céu

"A Lua da Páscoa"