Textos de Alberto Moreira Ferreira

Mais um dia, mais um fogo preso na cidade, na solitária, num lugar do mundo, apeado numa estação da idade, e da circunstância abastadamente justa para não conseguires desatar o nó, mesmo com toda a imaginação bondade e vontade possíveis, e ninguém da multidão se aproxima, com sorte ouves responder ao cumprimento, ninguém te descobre esmorecendo, sequer tens alguém neste triste mundo para te procurar, neste triste mundo de estátuas numeradas de fabrico em série de mãos nos bolsos olhando para o chão de onde imerge a imagem de seriedade de um ladrão, como se já estivesses morto, antes mesmo dela chegar. Podes converter-te a um deus esquecido da humanidade, e não me digas; não me venhas dizer que a esperança está no próximo copo.